Um dia, estava S. Agostinho diante do Sacrário a desabafar o coração:
Meu Jesus, amo-Vos, amo-Vos com todas as minhas forças, e porque Vos amo, arrependo-me de haver-Vos ofendido tantas vezes na minha vida passada.
E ouviu uma voz que lhe disse:
– Agostinho, quanto Me amas?
– Senhor, se o sangue das minhas veias fosse azeite, eu quereria que esse azeite se consumisse por vosso amor, como se consome o azeite desta lâmpada, que arde diante do vosso tabernáculo.
– Agostinho, nada mais?– repetiu a voz.
– Senhor, amo-Vos tanto, tanto, que se os meus ossos fossem velas, queria que se derretessem de amor, como se derretem estas velas que alumiam o vosso altar.
– Agostinho, nada mais?
– Senhor, amo-Vos tanto, tanto, que se eu tivesse tantos corações como há de estrelas no céu, e gotas de água no oceano, e areias na praia, e átomos no espaço, com esses corações eu Vos quisera amar.
– Agostinho, nada mais?
Então olhando através das suas lágrimas a porta do sacrário, encontrou a resposta digna da sua inteligência extraordinária e da sua santidade:
– Senhor, como quereis que eu Vos ame mais, se o coração humano já não pode amar mais? Mas Senhor, eu amo-Vos tanto, tanto, que, se Vós fosseis Agostinho e eu fosse Deus, eu deixaria de ser Deus para que Vós o fosseis, e contentar-me-ia com ser o pobre Agostinho!
– Agostinho, isso é o Amor! – foi a resposta divina.
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