Retirei este texto do blog http://eupadre.blogspot.com, que dá para reflectir...
Já viram um indivíduo atender o telemóvel enquanto se caminha para o cemitério com um morto? Eu já. Já viram um cangalheiro atender um telefonema na Capela Mortuária para dizer que agora não posso que estou num serviço? Eu já. Já viram que os funerais têm mais gente fora da Igreja do que dentro? Eu já. Já ouviram as orações de alguns que acompanham o morto fora da Igreja e no caminho do cemitério que são o tempo está bom, o Benfica jogou mal, aquela coisa está mal feita? Eu já. Já viram uma pessoa que em vida nunca recebeu flores da família, filhos e marido, e que depois de morta lhe enchem o caixão de flores? Eu já. Já viram parentes que estavam zangados, de costas voltadas, sem palavra que fosse, nem bom dia, e que na hora choram sobre o corpo que nem madalenas? Eu já. Já viram gente a maldizer a vida porque o padre não reza no acompanhamento fúnebre, mas não esboçam sinal de oração, sequer se benzem? Eu já. Já viram pessoas, depois de perseguir a carrinha funerária, e mal entrados no cemitério, debandarem para junto das campas dos seus, esquecendo o morto a sepultar, esquecendo o resto das exéquias? Eu já. Já viram o início de uma zaragata no meio de um acompanhamento porque se encontraram aqueles que não se podiam encontrar e quase se oferecem porrada por se encontrarem? Infelizmente, eu já. Já viram alguém desbaratar com a família do defunto na hora de ir para debaixo da terra porque, afinal a junta se enganara no terreno da mortalha? Eu já. Já viram um indivíduo na mortuária acender do cigarro para fumar? Eu não vi, mas contou quem viu. E quantas coisas não vimos já nós por aí fora em funerais? E quantas não iremos ver mais?Enfim, consola-me que os que morrem já não vão ver mais.
1 comentário:
Realmente, que bom que os que morrem não podem ver essas coisas...
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