segunda-feira, 21 de abril de 2008

Porque Pedro negou Jesus?

Esta viagem à Terra Santa permitiu-me entender porque é que Pedro negou três vezes o Mestre... E, bem vistas as coisas, ele até tinha uma certa justificação. O Mestre tinha, como dizem os brasileiros, "pisado na bola". A justificação para a atitude de Pedro, está em Lc 4,38-41.
(isto é só uma brincadeira, não é para ser levada a sério)

3 comentários:

Alma peregrina disse...

Olá! Bem-vinda de novo!

Este post apresenta um interessante ponto de vista... Se eu percebi bem, pretendes que S. Pedro negou Jesus por causa da família (nomeadamente da sogra)? Ou seja, se Pedro fosse preso/morto deixaria a família (particularmente a sogra) desamparados?

De facto, essa justificação poderia ser uma boa racionalização a posteriori (se Jesus tivesse, de facto, morrido eternamente como qualquer homem) para S. Pedro "lavar" a sua consciência. Mas penso que não foi essa fundamentalmente a verdadeira motivação das 3 negações.

Penso que S. Pedro cedeu mesmo à cobardia, mas tudo isto teve um propósito. Afinal de contas, S. Pedro não teve problemas com a sua família e sogra, quando afirmou que iria com Jesus para a prisão e para a morte em Lc 22:33. Por outro lado, S. Pedro demonstra, ao longo da sua vida, uma coerência impressionante em termos de perdas momentâneas de fé. Veja-se Mt 14:25-31.

Deste modo, não se trata tanto da questão "Por que Pedro negou Jesus (qual a sua motivação)?", porque a resposta é "Por causa da fraqueza humana de Pedro". A questão fundamental é "Por que Pedro negou Jesus (qual é o significado desse acto)?"

S. João Crisóstomo afirma que esta negação teve como grande objectivo impedir que o primeiro chefe da Igreja tivesse uma atitude de soberba para com os mais fracos e pecadores. Este era o pecado dos fariseus, a auto-suficiência perante Deus, que é condenada em Lc 19:9-14. Antes das negações, S. Pedro estava demasiado confiante na sua própria coragem (auto-suficiência). Após as negações, o próprio S. Pedro, o líder da Igreja de Cristo, torna-se dependente da misericórdia e da graça divinas, permitindo-lhe ser um agente dessa mesma misericórdia para com o próximo.

Só após as 3 negações, foram possíveis as 3 profissões de fé que confirmaram, de facto, o papel de Pedro como "apascentador do rebanho" (Jo 21:15-17).

Uma interpretação semelhante tem Haydock, um exegeta do século XIX, que afirma que as negações serviram para demonstrar o orgulho de S. Pedro durante a Ceia e a necessidade absoluta e fundamental de uma atitude de humildade por parte de um discípulo de Cristo.

S. Agostinho refere que S. Pedro prefigura ambas as igrejas contidas na Igreja: os fracos e os fortes. Desta forma, fica demonstrado que, desde o início, a Igreja é um incontestável agente de Deus no Mundo mas que isso não a impede de cometer os seus erros.

Aliás, esta noção foi bastante importante durante a nossa igreja do séc. IV, quando foi ameaçada pelo cisma donatista. Donato pretendeu usurpar o episcopado de Cartago, porque o bispo dessa cátedra tinha sido nomeado por bispos que haviam negado a sua fé perante as perseguições do imperador Diocleciano. Os donatistas começaram proclamando que todos aqueles que houvessem negado Cristo não estariam aptos a ministrar os sacramentos ou a ter um papel preponderante na Igreja. Este episódio das negações de Pedro foi um dos contra-argumentos, por motivos óbvios.

Finalmente, temos os escritos de Ratzinger no seu excelente "Jesus de Nazaré". S. Pedro surge como a antítese de Judas. Ambos traíram o mestre. Mas enquanto Judas se entrega ao desespero (o pecado contrário à Esperança) cometendo o pecado mortal do suicídio... S. Pedro usa essa tristeza para se elevar e purificar. S. Pedro torna-se a concretização da Bem-Aventurança "dos que choram, porque serão consolados". As lágrimas que S. Pedro chorou (diz o nosso actual papa), cavaram os sulcos na alma do nosso primeiro patriarca, arando e fertilizando o terreno para a "semente de mostarda" que seria o Reino de Deus.

Peço desculpa se fui muito prolixo, mas é que S. Pedro é o meu santo favorito, ou não fosse eu Kephas, eheheh.

Cumprimentos

sofia disse...

Obrigado Kephas, e sejas bem vindo tu também. Antes de mais, que profunda reflexão. Gostei do texto que apresentaste, no entanto a minha intenção era fazer a brincadeira que foi feita quando estavamos a entrar em Cafarnaum...
Por isso coloquei a referência do texto na Biblia e certamente que viste que o título do texto é A CURA DA SOGRA DE PEDRO. Estava a fazer uma pequena brincadeira ao dar a entender que Pedro não teria perdoado a Jesus, por Este lhe ter curado a sogra... Era um texto para boa disposição, por isso coloquei-o com a etiqueta de HUMOR!

Alma peregrina disse...

??????????????

!!!!!!!!!!!!!!

aaaaaAAAAAAHHH!!! (berro à Tonecas)

Pôish!

Já agora, será que, naquele dia em Cafarnaum, Jesus curou a mulher de Anás?

"Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano."
Jo 18:13

ISSO explica muito melhor as coisas!!!

lolololololololol

Abraços e peço desculpa (sofro de seriedade crónica).