quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Absolutamente sem comentários

Decidi colocar aqui a noticia que foi publicada no jornal de noticias de ontem(13.02.2008):
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Estudantes viram colega abortar mas tiveram medo de pedir ajuda
A estudante de 19 anos que está internada, desde domingo, no serviço de Obstetrícia do Hospital de S. Teotónio, em Viseu, após ter abortado na casa de banho da residência da Escola Profissional de Torredeita (EPT), terá utilizado um número indeterminado de comprimidos "Citotec" para o fazer.Aconselhado para as dores de estômago, mas com um elevado potencial abortivo, o medicamento terá sido oferecido por uma colega a quem a jovem garantiu conhecer os efeitos do produto por, alegadamente, já ter feito cinco abortos nas mesmas circunstâncias. O namorado estuda no Algarve.O feto de cinco meses, do sexo masculino, terá permanecido três horas dentro de um balde. Ainda com vida. Seria mais tarde retirado, já cadáver, e removido para o Instituto de Medicina Legal de Viseu. O aborto ilegal terá sido testemunhado por sete raparigas, todas colegas da jovem, que tiveram medo de pedir auxílio médico.Ontem, em conferência de Imprensa, e na presença do director da EPT, Arcides Simões, as colegas de residência contaram todos os pormenores do drama e afirmaram desconhecer quem, sob anonimato, telefonou a pedir a presença da GNR. "Ficámos loucas. Aos gritos. Não sabíamos o que fazer nem a quem pedir ajuda. Foram três horas de terror", recordou uma estudante de 20 anos.Colega cedeu comprimidosA jovem que ofereceu o "Citotec" à grávida informou ter adquirido o produto, com receita médica, para as dores do estômago. "Ela andou desde o último Natal a pedir que lhe desse alguns comprimidos, embora me garantisse que não eram para abortar. No sábado enviou uma mensagem e eu acedi. Ela tomou-os nessa mesma noite", revelou a rapariga, sem quantificar a dose.Uma médica obstretra contactada pelo JN confirmou que o "Citotec" tem efeitos abortivos fortes. "Para uma interrupção simples, de poucos dias, às vezes é preciso tomar as pílulas durante três dias. No caso de um feto com 20 semanas, seriam necessários muitos comprimidos", explicou.No domingo, por volta das 10 horas, contam as colegas, a estudante sentiu-se mal e chamou uma ambulância para a transportar ao hospital. Duas horas depois, estava de regresso à residência em Torredeita. "Chegou e disse que estava tudo em ordem com ela e com o filho", conta outra colega.O JN apurou, contudo, que a utente terá exigido alta médica no Hospital de S. Teotónio, apesar dos esforços em sentido contrário por parte do pessoal clínico. Luís Viegas, do serviço de Relações Públicas, recusou prestar quaisquer informações sobre o caso.Por volta das 16.30 horas, a rapariga abortou, na casa de banho. "Fui ter com ela e retirei a criança da sanita. Quando a embrulhava numa toalha, a mãe não deixou. Pediu para a meter no balde. Fiquei horrorizada e saí dali a correr. A nossa colega só pode estar muito doente psicologicamente. No fim de tudo, enquanto nós andávamos doidas sem saber o que fazer, ela foi ler revistas para a cama", relatou outra amiga, durante a conferência de Imprensa.Às 19.30 horas, a rapariga regressou ao hospital de Viseu, onde permanece. A Polícia Judiciária está a investigar os contornos do aborto ilegal.José Castanheira, director da Pediatria do "S. Teotónio", reconheceu que um feto de 20 semanas dificilmente sobreviveria.O director da EPT diz que não é a primeira vez que há jovens na instituição que aparecem grávidas. "São adultas. Quando nascem crianças, prestamos toda a ajuda", disse.


Teresa Cardoso

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